terça-feira, 30 de dezembro de 2014













Serra da Estrela



Auld Lang Syne by Chase Holfelder























































Óbidos, em tempo de Natal...

É sempre bom percorrer cada rua, cada recanto mas nesta altura Óbidos tem outra Magia.
O sorriso e o espanto das crianças contagia, o riso dos Gnomos e o sino do Pai Natal, fazem-nos reviver a infancia e o sonho...
Não houve ginjinha, só musica, riso, alegria e memórias!!!




sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

On The Road































Vai daí... se não podemos parar, fotografamos a andar!
Não resisto quando se conjuga o motivo, a luz e a vontade...



quinta-feira, 18 de dezembro de 2014




Que coisa maluca a distancia, a memória. Como um filtro, um filtro seletivo, vão ficando apenas as coisas e as pessoas que realmente contam.
Caio Fernando Abreu




Bastava-nos amar. E não bastava 
o mar. E o corpo? O corpo que se enleia? 
O vento como um barco: a navegar. 
Pelo mar. Por um rio ou uma veia. 

Bastava-nos ficar. E não bastava 
o mar a querer doer em cada ideia. 
Já não bastava olhar. Urgente: amar. 
E ficar. E fazermos uma teia. 

Respirar. Respirar. Até que o mar 
pudesse ser amor em maré cheia. 
E bastava. Bastava respirar 

a tua pele molhada de sereia. 
Bastava, sim, encher o peito de ar. 
Fazer amor contigo sobre a areia. 
Joaquim Pessoa




Procura a maravilha.
Onde um beijo sabe
a barcos e bruma.
No brilho redondo
e jovem dos joelhos.
Na noite inclinada
de melancolia.
Procura.
Procura a maravilha.


Eugénio de Andrade



segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014




Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguém antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.
É preciso aceitar esta mágoa esta moínha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.
Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'.


quinta-feira, 11 de dezembro de 2014




Não desistas, ainda é tempo 
De se ter objectivos e começar de novo, 
Aceitar tuas sombras, 
Enterrar teus medos 
Soltar o lastro, 
Retomar o vôo.

Mário Benedetti




terça-feira, 9 de dezembro de 2014




É difícil viver com as pessoas porque calar é muito difícil.

Friedrich Nietzsche 






Há uma hora certa,
no meio da noite, uma hora morta,
em que a água dorme.

Todas as águas dormem:
no rio, na lagoa,
no açude, no brejão, nos olhos d'água,
nos grotões fundos
E quem ficar acordado,
na barranca, a noite inteira,
há de ouvir a cachoeira
parar a queda e o choro,
que a água foi dormir...

Águas claras, barrentas, sonolentas,
todas vão cochilar.
Dormem gotas, caudais, seivas das plantas,
fios brancos, torrentes.

O orvalho sonha
nas placas da folhagem
e adormece.
Até a água fervida,
nos copos de cabeceira dos agonizantes...

Mas nem todas dormem, nessa hora
de torpor líquido e inocente.
Muitos hão de estar vigiando,
e chorando, a noite toda,
porque a água dos olhos
nunca tem sono...

Guimarães Rosa





Eu queria mais altas as estrelas,
Mais largo o espaço, o Sol mais criador,
Mais refulgente a Lua, o mar maior,
Mais cavadas as ondas e mais belas;
Mais amplas, mais rasgadas as janelas
Das almas, mais rosais a abrir em flor,
Mais montanhas, mais asas de condor,
Mais sangue sobre a cruz das caravelas!
E abrir os braços e viver a vida:
- Quanto mais funda e lúgubre a descida,
Mais alta é a ladeira que não cansa!
E, acabada a tarefa... em paz, contente,
Um dia adormecer, serenamente,
Como dorme no berço uma criança!

Florbela Espanca