domingo, 29 de abril de 2012



"E os que foram vistos dançando foram julgados insanos pelos que não conseguiam ouvir a música."

Friedrich Nietzsche

(...)
Não nos sentirmos presos
Senão com pensarmos nisso,
Por isso não pensemos
E deixemo-nos crer
Na inteira liberdade
Que é a ilusão que agora
Nos torna iguais aos deuses.



Ricardo Reis



E, enorme, nesta massa irregular 
De prédios sepulcrais, com dimensões de montes, 
A Dor humana busca os amplos horizontes, 
E tem marés de fel como um sinistro mar!

Cesário Verde

quinta-feira, 26 de abril de 2012


Amigo


Mal nos conhecemos
Inauguramos a palavra amigo!

Amigo é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo

Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

Amigo (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
Amigo é o contrário de inimigo!


Amigo é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado.
É a verdade partilhada, praticada.

Amigo é a solidão derrotada!

Amigo é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
Amigo vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O'Neill

domingo, 22 de abril de 2012


Mãe
Comecei a escrever alguma coisa bonita para acompanhar a flor e acabei por recordar momentos que passamos juntas. Lembrei-me da tua colecção de lãs e da magia que era olhar para elas, das tuas amostras de bordados, das roupinhas que sairam das tuas mãos, lembro-me em especial da camisa de noite com estrelas e planetas!!!
Ensinaste-me a costurar, a bordar, a cozinhar e a limpar o pó (não era lá muito interessante!). Ouvi-te dizer Guerra Junqueiro e li os teus livros todos.
Era uma gralha e pelos vistos teimosinha, estraguei alguns dos teus lenços de seda por isso mesmo!
Tiveste muita paciência para as camisas largas, o boné velho que não largava e as manias de que era crescida e foste-me adivinhando quando estava doente ou triste, ainda hoje o fazes.
Discordamos muitas vezes, discutimos mas é contigo sempre que eu posso contar, incondicionalmente.
Um abraço, mãe, por existires e um beijinho por me teres feito como eu sou!!!

quinta-feira, 19 de abril de 2012



Poema do Silencio

(...)
Foi quando compreendi 
Que nada me dariam do infinito que pedi, 
-Que ergui mais alto o meu grito 
E pedi mais infinito!
(...)

José Régio

quarta-feira, 11 de abril de 2012




Houve uma ilha em ti que eu conquistei. 
Uma ilha num mar de solidão. 
Tinha um nome a ilha onde morei. 
Chamava-se essa ilha Coração. 

Que saudades do tempo que passei. 
Nenhum desses momentos foi em vão. 
Do teu corpo, de ti, já nada sei. 
Também não sei da ilha, não sei, não. 

Só sei de mim, coberto de raízes. 
Enterrei os momentos mais felizes. 
Vivo agora na sombra a recordar. 

A ilha que eu amei já não existe. 
Agora amo o céu quando estou triste 
por não saber do coração do mar. 

Joaquim Pessoa



Palavras? Encontrei muitas... não me apeteceu nenhuma...!!!

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Adriano Correia de Oliveira






Faz hoje 70 anos que nasceu Adriano, cantou e lutou contra a Ditadura, a Guerra Colonial, participou em lutas estudantis e greves. Uma espécie de símbolo da resistência dos estudantes ao regime de Salazar.


Tornou-se símbolo de esperança e de força.

Cantou fado de Coimbra e esta canção sobre a Vila que me viu crescer!!! 

Parabéns para ti, onde estiveres

terça-feira, 3 de abril de 2012

Oswaldo Montenegro - Metade



Porque nunca é demais!!!
A beleza da música e da mensagem merecem :)


Se tu viesses ver-me...

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha, 
A essa hora dos mágicos cansaços, 
Quando a noite de manso se avizinha, 
E me prendesses toda nos teus braços... 

Quando me lembra: esse sabor que tinha 
A tua boca... o eco dos teus passos... 
O teu riso de fonte... os teus abraços... 
Os teus beijos... a tua mão na minha... 

Se tu viesses quando, linda e louca, 
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo 
E é de seda vermelha e canta e ri 

E é como um cravo ao sol a minha boca... 
Quando os olhos se me cerram de desejo... 
E os meus braços se estendem para ti... 

Florbela Espanca

segunda-feira, 2 de abril de 2012




Poema

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco 


Mário Cesariny