Cada um de nós, sozinho, é só.
Só uma folha errante que vagueia breve,
e onde vez por outra, vêm dormir,
aves de tristeza e solidão.
Cada um de nós é uma semente leve,
e de si próprio, o seu próprio rumor,
inseguros na distância da união,
agarrados ao vento futuro que está por vir.
Incapazes só por si de se tornar flor,
Cada um de nós é do outro o amor.
E que tristeza tão fugaz estas mãos de pena,
que nem se vêm,
que fechadas no sono de tantos tremores,
estas mãos não são nem sequer flores,
que se ofereçam aos nossos amores.
Abertas,
são apenas abandono,
fechadas,
são pálpebras carregadas de sono.
Cada um de nós, sozinho é nada,
semente morredoira em chão infértil,
flor murcha em mão desolada,
uma face perdida em mil.
Cada um de nós é do outro par,
e como pluma no vento, é a ti que quero chegar.
Casimiro Teixeira