"…Carpe Diem, aproveita o dia. Não deixes que termine sem teres crescido um pouco, sem teres sido um pouco mais feliz, sem teres alimentado os teus sonhos. Não te deixes vencer pelo desalento. Não permitas que nada tire o direito de te expressares que é quase um dever. Não abandones o anseio de fazer da tua vida algo extraordinário… Não deixes de crer que as palavras, o riso e a poesia podem mudar o mundo… Somos seres, humanos, cheios de paixão. A vida é deserto e também oásis. Aniquila-nos, lastima-nos, converte-nos em protagonistas da nossa própria história… Mas não deixes nunca de sonhar, porque só através dos sonhos pode ser livre o homem. Não caias no pior erro, o silêncio. A maioria vive num silêncio espantoso. Não te resignes… Não atraiçoes as tuas crenças. Todos necessitamos de aceitação, mas não podemos remar contra nós mesmos. Isso transforma a vida num inferno. Desfruta o pânico que provoca ter a vida pela frente… Vive-a intensamente, sem mediocridades. Pensa que em ti está o futuro e em enfrentar a tua tarefa com orgulho, impulso e sem medo. Aprende de quem pode ensinar-te… Não permitas que a vida te passe por cima sem que a vivas…"
Carpe Diem (Walt Whitman, 1819-1892)
quinta-feira, 11 de abril de 2013
Cântico Negro
"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces Estendendo-me os braços, e seguros De que seria bom que eu os ouvisse Quando me dizem: "vem por aqui!" Eu olho-os com olhos lassos, (Há, nos olhos meus, ironias e cansaços) E cruzo os braços, E nunca vou por ali...
A minha glória é esta: Criar desumanidade! Não acompanhar ninguém. - Que eu vivo com o mesmo sem-vontade Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos, Redemoinhar aos ventos, Como farrapos, arrastar os pés sangrentos, A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi Só para desflorar florestas virgens, E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada! O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem Para eu derrubar os meus obstáculos?... Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós, E vós amais o que é fácil! Eu amo o Longe e a Miragem, Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas, Tendes jardins, tendes canteiros, Tendes pátria, tendes tectos, E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios... Eu tenho a minha Loucura ! Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura, E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém. Todos tiveram pai, todos tiveram mãe; Mas eu, que nunca principio nem acabo, Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções! Ninguém me peça definições! Ninguém me diga: "vem por aqui"! A minha vida é um vendaval que se soltou. É uma onda que se alevantou. É um átomo a mais que se animou... Não sei por onde vou, Não sei para onde vou - Sei que não vou por aí!
José Régio
terça-feira, 9 de abril de 2013
Mudar de rumo... Abrir as asas e experimentar outros voos, Outras paragens, outros ventos. Sentir outras nuvens, outros perfumes, outros silêncios...